Em dada altura da minha vida, a long long time ago, costumava ver uns desenhos animados – Dastardly and Muttley in Their Flying Machines – onde (se a memória não me atraiçoa) um cão pouco otimista repetia arrastadamente uma frase que me ficou na memória como resposta à insanidade dos planos do seu dono: “”We will never gonna make it”. Essa frase traduz o que penso sobre o futuro competitivo deste FCP de Nuno Espírito Santo.
NES não transmite o otimismo irresponsável do Dick Dastardly, é verdade, mas repete até à exaustão essa expressão que na atual circunstância é apenas uma muleta discursiva para estimular portistas menos lúcidos. Nuno diz (quase) sempre “Somos Porto”, mesmo quando aquilo que se viu no jogo com o Copenhaga e no jogo com o Tondela foi uma caricatura da equipa de futebol dominadora que temos sido em grande parte dos últimos 30 anos.
Se “ser Porto” é não conseguir vencer um banal representante de um campeonato nórdico (a jogar com 10…) ou não fazer o suficiente para golear sem margem para dúvidas a mais fraca equipa da Liga Portuguesa teremos então regressado ao Porto dos anos 70, aquela equipa que ao passar a ponte rumo a sul já estava a perder, ao Porto de dimensão regional, ao Porto periférico, ao Porto irrelevante, que uma vez por outra se batia de igual para igual com os grandes de Lisboa.
As limitações do plantel são as que já toda a gente evidenciou – dois centrais sofríveis as jogar com os pés, excesso de médios (nenhum deles um líder nato ou um jogador de classe mundial), ausência de soluções indiscutíveis nas alas e falta de um finalizador experiente – mas isso só explica parte dos problemas. A outra parte é a indefinição de um modelo de jogo, de uma equipa base. Se juntarmos o desaparecimento de jogadores que tiveram muitos minutos na pré-epoca (como o que veio do Liverpool e ainda não jogou um só minuto na Liga) à necessidade de encaixar o retornado Brahimi na equipa e ao entra e sai do único ala minimamente decente do plantel, creio que está quase tudo explicado. O plantel é curto mas a gestão do mesmo é ainda pior. NES fala bem, tem um discurso direitinho, mas isso não ganha jogos porque a equipa não joga nadinha.
Como disse na altura, não fomos nós que vencemos a Roma, foram eles que se suicidaram desportivamente com aquele acumular de expulsões. E esta circunstância feliz permitiu esquecer por momentos aquilo que é óbvio: a equipa não tem condições para competir de igual para igual na Champions, nem com o Benfica ou o Sporting dentro das 4 linhas. Fora delas é melhor nem falar, porque o que aconteceu no jogo de Alvalade foi apenas o exemplo do que vai acontecer em Portugal ao longo da época.
E se alguém crê que o que se passou em Vila do Conde com a equipa de JJ se irá repetir muitas vezes, desiludam-se. Quem viu os primeiros 15 a 20 minutos do Rio Ave-Sporting sabe que eles tiveram mais oportunidades de se colocarem em vantagem nesse arranque de jogo do que o Porto conseguiu criar nos 90 minutos de Tondela. E, claro, os vermelhos, com uma equipa fortemente debilitada na frente de ataque pelas lesões dos seus melhores jgadores, já estão na frente, prontos para o embalo do colinho que os há-de guiar ao tetra.
A tal série que me ficou na memória tinha outra frase famosa: “Muttley, do something!”…