Fazer as coisas por outro lado

Confesso que, passados onze anos, nunca pensei vir a ficar esclarecido sobre o real significado da frase que Vieira proferiu quando foi apanhado a escolher árbitros numa escuta. Dizia ele que “não me tenho chateado com isto, porque eu estou a fazer isto por outro lado”. O outro lado era, pelo que agora se sabe, o lado do correio eletrónico, uma via aberta, ali para os lados do Alto dos Moinhos para ordenar padres, marcar eucaristias e renovar profissões de fé na águia vitória.

Não vi a “reação” de hoje dos coisinhos, mas o que fui lendo aqui ou ali permitiu-me concluir que o Benfica precisava mesmo de uma oportunidade para justificar o salário deste novo diretor de comunicação, que ninguém conhecia, nem achava que existia. Este Luís Bernardo prestou-se a uma situação tão deprimente, tão cheia de hesitações, certezas logo contrariadas com dúvidas (sobre Francisco J. Marques), e tomadas de decisão tão estapafúrdias (pedir a reabertura do Apito Dourado) que apenas a podemos comparar, pelo ridículo, ao célebre pedido de desculpas do João Pinto de pois dos 7-1 em Vigo. Não foi a carne toda no assador, mas foi carne para canhão.

Se a estratégia lampiónica tenta passar pela descredibilização do diretor de comunicação do FC Porto, quero ver o que vão fazer com o conteúdo de um e-mail que, hoje, o jornal Expresso – creio ser um órgão de comunicação social supostamente sério – avança, segundo o qual o Primeiro-Ministro, perdão, Luís Filipe Vieira combina com Paulo Gonçalves a descida da nota de um árbitro.