Eu já não escrevo para o Pobo há uns tempos, mas hoje resolvi abrir o coração ao que me vai na alma – ou vice-versa – e dizer umas coisas sobre esta pré-época. É aproveitar que agora ainda estamos no princípio. Vamos fazer isto por setores.
Setor 1: para não deixar entrar golos
Continua a ser um dos mistérios mais bem guardados do nosso futebol o número exato de guarda-redes que temos sob contrato. Outro mistério é, durante o mês de julho, não termos comprado nenhum. Cala-te, guardabel. Julho ainda não acabou.
Falemos dos que cá estão. José Sá e Casillas. O primeiro parece-me uma aposta segura de futuro, e naqueles três golos do PSV não podia fazer nada. O segundo parece-me uma incerteza no presente. Vi-o algo lento a atirar-se a duas bolas rematadas de fora da área – uma deu golo, a outra bateu no pose. Ou seja, o tipo de lances – entre os postes – em que “Casillas é bom”. O outro lance, daqueles em que “Casillas não é bom”, a sair a cruzamentos, valeu-nos uma bola na barra. Calma. O homem não tem de estar a 100% no primeiro jogo da época, depois de um Europeu em que aqueceu banco (injustamente, na minha opinião) e depois de ver nascer o segundo filho. Quem é pai sabe que as noites mal dormidas têm efeitos dramáticos na produção laboral.
Setor 2: para não deixar chegar a bola à baliza
Eu quero começar por dizer que aquele Felipe entra de caras no onze titular. E nem o erro de posicionamento (quis regressar rapidamente à sua zona de ação de central e, inocentemente, abriu uma avenida ao avançado) e nem o autogolo no jogo com o PSV me fazem ter outra opinião.
Portanto, para começar, temos aqui um bom central, rápido, impetuoso, mandão. O problema é mesmo quem o acompanha. Estando Indi fora das cogitações, restam Chidozie, Reyes e Marcano. Sim, também levo as mãos à cabeça.
Chidozie tem de ser emprestado. Dos três, é aquele em quem vejo maior margem de progressão. Mas ainda não está preparado e precisa de evoluir jogando com regularidade, coisa que não pode nem deve fazer esta época no Porto. Também convém decidir o que querem fazer dele: médio-defensivo, como é de origem, ou defesa central, sempre uma adaptação?
Reyes é, para mim, um caso muito bem definido: é para vender. É assumir que aquele jovem mexicano que se portou tão num Torneio de Toulon qualquer há uns anos, que aquela grande esperança falhou. Não é jogador para o Porto, para as exigências do nosso campeonato, muito menos de uma competição europeia. Lopetegui não ajudou, é certo, em Munique, mas… é vender, tentar vender.
Fica Marcano. Fica Marcano? Será até um razoável suplente ou quarto central, sim, mas face à idade que já apresenta, talvez o melhor seja levá-lo a Espanha e receber o que derem por ele. Tenho a dizer que lhe vejo algumas qualidades e que, para mim, é melhor do que Martins Indi, mas na época passada fez demasiados disparates.
Conclusão: temos, nesta altura, de ir ao mercado por um ou dois centrais. Um deles, pelo menos, de inegável categoria, para entrar no onze, ao lado de Felipe. E ir à equipa B buscar um dos miúdos, o Verdasca ou o Palmer-Brown, poderá ser uma opção bastante aceitável para fazer o quarto central.
Relativamente às laterais, acredito que Maxi Pereira e Layun continuarão a ser indiscutíveis, mas enquanto que o mexicano tem em Alex Telles um concorrente de respeito – gostei muito da velocidade e qualidade de cruzamento do brasileiro – já o uruguaio vê… Varela como alternativa. Eu estou muito agradecido ao Varela, creio que todos estamos, mas, sinceramente, é ele a nossa alternativa a Maxi Pereira? Não brinquem com os adeptos, por favor.
Este texto já vai longo e ainda só falei de dois setores. Vou ficar por aqui, afinal. Amanhã ou depois, falo da malta que tem de fabricar e marcar os golos.