Entrevista de Pinto da Costa à RTP1

Acabei de ver a entrevista a Jorge Nuno Pinto da Costa na RTP1 e achei tão deprimente o trabalho de Fátima Campos Ferreira que me apeteceu por várias vezes mudar de canal. A senhora tem muito boa vontade, mas não percebe um corno de bola, ou, como diria Gabriel Alves, do “fenómeno futebolístico”. Um guião formado por um conjunto de perguntas desligadas entre si, algumas sem qualquer interesse jornalístico, entoações estranhas, exclamações a despropósito, muitas interrupções ao entrevistado, algumas gaffes (disse que o FCP tem 68 títulos, quando tem 69; apontou para a Taça de Portugal e disse que tínhamos ganho a “Taça da Liga”; chamou “Estádio das Antas” ao “Estádio do Dragão), de tudo um pouco houve nesta entrevista. Mais valia terem posto lá o Jorge Jesus a entrevistar.
Do nosso grande presidente não se ouviu grandes novidades, muito por culpa da condução da entrevista, mas também porque nesta altura já tudo foi dito sobre esta época maravilhosa. Ainda assim, ficou a certeza de que as cláusulas de rescisão de Falcao e Hulk (e de qualquer outro jogador…) serão para respeitar religiosamente. Fátima Campos Ferreira questionou-o sobre Fernando, porque “No Brasil, diz-se que já não volta“, ao que Pinto da Costa respondeu, por entre sorrisos “Eu se fosse ao Brasil também não voltava …

Escutas: a minha posição

O Pobo do Norte, na sua versão 3, bateu ontem o recorde de visitas, com muita gente de bem (para além de muitos benfiquistas) a querer saber a posição oficial deste blogue face ao caso das escutas publicadas no You Tube. Pois bem, a minha posição não podia ser mais clara. É só olhar para a foto que acompanha este texto.

Não reconheço a nenhum benfiquista moral e autoridade para censurar o que quer que seja no comportamento de Jorge Nuno Pinto da Costa.

Só o farei, quando me explicarem:

1. porque colocavam treinadores do Benfica no banco de suplentes de adversários do FC Porto na década de 50, como aconteceu com Valdivieso, no banco do Torreense, naquilo que hoje se chamaria, no mínimo, de PROMISCUIDADE, provando que o Benfica controlava os pequenos clubes do sul (pelo menos).

2. como conseguiram impedir que Eusébio fosse transferido para o estrangeiro nos anos 60, no seu auge, quando choviam ofertas milionárias para ele e para o clube.

3. porque é que há jornalistas que assumem o papel de empresários e tomam parte activa nas transferências de jogadores do Benfica, como é o caso de João Bonzinho, referido no livro de Fernando Mendes.

4. porque é que há outros jornalistas que incentivam e financiam a publicação de ficção rasteira a denegrir Pinto da Costa e o FC Porto, como foi o caso de Leonor Pinhão e do best-seller Carolina.

5. porque é que se joga um jogo decisivo para a manutenção da equipa do Estoril no Algarve, sabendo-se que no seu campo o Estoril colocava tradicionalmente muitas dificuldades aos grandes, e sabendo-se que um estádio de maiores dimensões iria favorecer o Benfica, pois teria mais adeptos a pressionar o árbitro.

6. porque é que António Figueiredo, ex-dirigente do Benfica e, àquela data, Presidente da SAD do Estoril, concordou com a mundança do jogo para o Algarve, sabendo que esta significava muito provavelmente a descida do “seu” clube à 2ª Liga.

7. porque é que Calabote não disse a verdade, quando mentiu sobre os descontos dados no Benfica-CUF, de 1959, e que implicações teria dizer essa verdade.

8. porque é que o guarda-redes da CUF, nesse jogo, foi substituído a pedido dos colegas, após ter encaixado cinco golos na primeira parte e ter mostrado um comportamento estranho face ao sucedido.

9. porque é que Luis Filipe Vieira, ao telefone com Valentim Loureiro, recusou o nome de quatro internacionais e, sobre João Ferreira, disse “Esse pode ser”.

10. porque é que o mesmo Luis Filipe Vieira disse, nessa escuta, “Ó major, eu não quero nem me tenho chateado com isto, porque eu estou a fazer isto por outro lado.”

11. porque é que o Benfica, quando José Veiga era Director-Geral, mandava seguranças ao aeroporto para bater um empresários de futebol, como foi na altura do caso Moretto, com o famoso Fernando, primo de José Veiga.

12. porque é que este Fernando, primo do Director Geral do Benfica, andou a convidar jogadores do Estoril para almoçar na semana que antecedeu o jogo.

13. porque é que José Veiga, cuja posição em relação à Estoril SAD sempre suscitou muitas dúvidas, ameaçou Litos, treinador do clube, com o despedimento.

14. porque é que o árbitro Howard King disse que o Benfica lhe deu prendas “cujo valor excedeu em muito o limite de 40 libras a que estamos autorizados” para além de lhe ter colocado uma menina no quarto do hotel.

15. porque é que a imprensa desportiva nunca se interessou por localizar Mr. King e “esmiuçar” este caso.

16. como é que, em 2004-2005, última época em que o Benfica foi campeão, os árbitros conseguiram acumular tantos erros grosseiros a favor do clube, dos quais lembramos, a título de exemplo, as providenciais faltas sobre Karadas (jogo com o Estoril) ou sobre Mantorras (jogo com a União de Leiria).

Esta escutas que agora surgem no You Tube (ironicamente, isto sim, é um crime) são apenas mais um episódio da guerrilha FC Porto-Benfica que há alguns anos dura no nosso futebol. Frustrados com sucessivas humilhações desportivas e judiciais, os benfiquistas, apoiados por uma imprensa sempre amiga, tentam de tudo para denegrir o nome do FC Porto. Este caso está arrumado. Pinto da Costa foi ilibado de qualquer acusação. E tudo porque a questão se resume a uma verdade que os benfiquistas teimam ignorar: NENHUMA vitória do FC Porto resultou do benefício de qualquer arbitragem, em NENHUM campo fomos beneficiados, contra NENHUM adversário obtivemos contrapartidas pelo que quer que seja. Tudo isto foi confirmado pelos resultados dos próprios jogos e pelos peritos de arbitragem que analisaram os mesmos. E nem seria necessário recorrer a peritos para ver o óbvio. Ganhámos no campo, e ganhámos bem. Tudo o resto é folclore. Se querem chafurdar no esterco, em primeiro lugar chafurdem no vosso.

E coragem há, sr. Presidente?

O nosso grande presidente disse que não há petróleo no Dragão, numa alusão irónica aos camiões de contratações que estacionam diariamente na segunda circular. Estamos todos curiosos para saber de onde vem tanta saúde financeira para aqueles lados, mas tal não nos deve tirar o sono. A mim pelo menos não tira, desde que o jogo ainda se jogue com onze da cada lado.
Os sucessos dos últimos 20, 25 anos – independentemente de algumas contratações falhadas e um ou outro período menos positivo – deixam-nos também descansados e confiantes na competência do nosso Presidente e de todos os que o rodeiam. A questão que actualmente me tem ocupado o pensamento tem a ver com este excelente artigo do blogue Super Porto, no qual se apresenta um estudo dos chamados jogos grandes em que a nossa equipa participou desde que Jesualdo Ferreira é o treinador. Os números devem fazer-nos reflectir e, porque não, leva o nosso Presidente a concluir que, mais do que petróleo (que abunda por outras bandas), falta-nos, em certos momentos, coragem. E se o treinador não pede reforços, que tenha pelo menos a coragem de enfrentar estes jogos grandes com a vontade de os vencer. É o mínimo que lhe exigimos.

Abraços e promessas

Foi notícia ontem que Pinto da Costa, um fervoroso crente na religião católica apostólica romana, encontrou Jesus. Parece que deram um abraço fraterno e que o mundo voltou a fazer sentido. Muitos foram os que se atreveram a ver naquele abraço uma espécie de “beijo de morte” do nosso Presidente. Outros vislumbraram ali já um acordo para um futuro contrato. Há quem veja ali também a angariação de mais um sócio.

Hoje, o jornal A Bola revela, orgulhosamente, e talvez para descansar o adepto lampião mais chocado com a cena, aquilo que Jesus disse a Pinto da Costa: “O Benfica vai ser campeão”. Ou seja, mais uma banalidade. O que A Bola não revela, porque não consegue (ou não lhe interessa), é o que Pinto da Costa disse a Jesus. E isso sim, seria grande cacha jornalística! Até porque o que a foto publicada na primeira página sugere é precisamente o nosso grande Presidente a dizer algo que provoca o riso a Jesus. Que lhe terá dito Pinto da Costa, enquanto fita o chão (ou os sapatos de verniz de Jesus)? Aceitam-se sugestões.

É curiosa a frase que surge por baixo do título principal, “Treinador encarnado brincou falando a sério”, uma frase que nada traz de novo, nada revela de importante, mas, servindo-se do paradoxo, protege na perfeição o emissor.