E nós temos uma equipa

O jogo de hoje trouxe-me a ideia de que estamos a construir uma equipa de grande qualidade que, sem estar ainda a carburar em pleno, ganha com uma naturalidade e uma simplicidade que me deixa muito optimista para esta época. Um dos indicadores do que acabo de escrever é tão só o facto de hoje terem saído do banco nomes como Ruben Micael, Souza e Fucile. O primeiro é um desenhador a régua e esquadro. A bola nos seus pés sai sempre com intenção, beleza e precisão. Quem se pode dar ao luxo de ter um jogador deste calibre no banco? De Souza, começa a perceber-se que é muito mais do que um mero trinco. O à-vontade com que joga, ainda com pouco tempo de clube, é a prova de que a qualidade está lá, apenas tem de evoluir no sentido de querer ter mais a bola nos pés e arriscar com ela. Quanto a Fucile, é dele, naturalmente, o lugar de defesa-direito, pese embora as boas prestações de Sapunaru nesste início de época. Mas Fucile… é Fucile, e estando a 100%, fisica e psicologicamente, é o melhor lateral-direito a jogar em Portugal.
Quando temos estes três jogadores no banco, e ainda outros como “Cebola” Rodríguez ou Guarín, percebemos que o plantel, este ano, é mais fiável do que o do ano passado. Villa Boas pode bem fazer a gestão rotativa do mesmo sem grandes variações no desempenho. Pelo menos é a minha ideia neste momento.
Hoje, elejo como os melhores em campo o trio Álvaro Pereira, Bellushi e Falcao. o primeiro porque é o nosso melhor extremo-esquerdo. O segundo porque traz aquilo que não tínhamos há muito tempo: um marcador de livres directos fiável e constante. O terceiro porque marcou dois golos e falhou outros dois. Sim, porque até nos falhanços Falcao é um espectáculo.
Uma palavra para Ukra, um jogador que por certo cumpria hoje um sonho de criança: jogar no Estádio do Dragão com a camisola do FC Porto. Nao foi a estreia que ele por certo esperava, mas eu acredito que aquele estádio ainda o vai ovacionar muitas vezes de pé. Não faltarão oportunidades, Ukra!
PS – A noite encerrou com uma óptima notícia. O Benfica não vai emprestar Roberto, ao contrário do que avançou a TSF durante a tarde. O jornal A Bola adianta, no entanto, que o “8 milhões” perderá a titularidade. Pobo do Norte soube de fonte ligada ao processo que Mantorras ter-se-á oferecido para jogar à baliza.

Tudo combinado

O título deste texto refere-se obviamente à forma como marcámos o segundo golo, uma jogada de laboratório, daquelas em que tudo está combinado e sai na perfeição (mesmo com o árbitro a atrapalhar). Contra uma equipa de muita qualidade, em que se vislumbra algum FCP do futuro, tivemos de correr e suar muito. A vitória foi natural e até pecou por escassa, mas, ganhando 1 a zero ou 8 a zero, a colheita pontual é a mesma.
Em termos individuais, Bellushi foi para mim o melhor em campo. Com pezinhos de lã e olhos nas botas, este jovem que veio da Grécia foi o farol que iluminou o caminho da baliza (que bonita metáfora!). A seguir, Falcão e Hulk, o primeiro por ter bisado, o segundo por ter acertado no poste uma porrada de vezes. Hulk atravessa um período de aversão ao golo, mas o volume do jogo atacante do FC Porto passa sempre por ele e pela sua capacidade de explosão. Sim, erra muitas vezes e falha mais do que nós queríamos, mas temos de ser um pouco condescendentes para com um jogador que joga sempre no risco e com os olhos postos na baliza.