Month: Dezembro 2011
Um fim anunciado
Antes de tudo, convirá dizer que hoje a equipa esteve bem, VP fez substituições com coerência e que nos faltou alguma sorte (e um Hulk mais lúcido e menos individualista). Mas convirá também acrescentar que quem não conseguiu ganhar ao Apoel em casa estaria a ser muito optimista ao achar que “agora só faltava ganhar ao Zenit”. Especialmente contra equipas que defendem bem e têm gente rápida na frente para manter os nossos defesas em sobressalto. O Porto das últimas semanas recuperou a dinâmica coletiva, a solidariedade e o querer, mas isso não chega para marcar golos – não criamos oportunidades em quantidade nem temos, para além do Incrível, alguém que consiga resolver jogos sozinho.
Hoje tivemos muito Moutinho, uma exibição exemplar do Fernando, um jogo enorme do Otamendi e um James que brilhou nos pormenores. Mas tivemos Hulk em demasia (do pior que há, tentando ser o herói da noite e sendo o trapalhão de serviço), um belga menos influente do que o que precisávamos, muito pouco Álvaro Pereira, um Varela cada vez mais inconsequente e um Kleber inexistente. O resto do pessoal cumpriu esforçadamente mas a verdade é que Helton não fez uma defesa digna desse nome, Maicon esteve muito bem a defender mas tem limitações óbvias a atacar nas ala e o Djalma demonstrou que talvez seja jogador para o Porto mas foi perdendo folgo até sair.
Esta eliminação é consequência de erros anteriores, de falhas múltiplas, em primeiro lugar, da liderança do clube, que fez uma má gestão das vendas e contratações, gastando olimpicamente em jogadores que não tem lugar no onze ou que nem sequer estão por cá, e deixando num projecto de ponta-de-lança a missão de ser o matador que Falcão foi. Em segundo, a culpa é de VP, que é um líder fraco, que só sobreviveu por teimosia de PdC e por ter mantido em aberto o apuramento com aquela vitória feliz na Ucrânia. Por último, é indesmentivel que, em determinados momentos, mesmo que condicionados pelas alucinações tácticas do treinador, alguns jogadores não fizeram o que estava ao seu alcance, nomeadamente, Fernando, Moutinho, Fucile e mesmo James.
A insistência de VP no 11 de hoje é sintomática de duas coisas: que não temos um avançado centro de dimensão europeia e por isso Hulk é obrigado a jogar no meio e que o treinador se agarrou à fórmula que lhe deu resultados como se de uma jangada se tratasse, mesmo abusando de uma solução de recurso quando já tinha os 2 laterais direitos disponíveis. Maicon nem sequer é uma experiência com potencial de adaptação – é uma solução de recurso para o lugar e não deveria ter passado disso.
O que fica agora é a Liga Europa – com que motivação estes jogadores vão enfrentá-la? – bem como um campeonato que VP se arriscará a perder se não tiver uma alternativa decente para o centro do ataque e se Danilo não valer o que o Porto terá pago por ele (é alegadamente o segundo jogador mais caro da história do clube… e não contamos com ele para uma fase crucial da época!). Fica também menos margem de manobra para não vender Álvaro Pereira (embora me pareça óbvio que não contratamos uma alternativa por 9 milhões para a deixar na bancada…) ou até outros jogadores menos determinantes (como Guarin ou Rolando).
Benfica eliminado da taça
(foto gentilmente cedida pelo meu amigo poncio)