O golo de Markovic

O golo de Markovic ao Sporting é de muita qualidade, sim senhor, mas contou com muita passividade por parte da defesa leonina. Se repararmos bem, vemos a forma macia como William Carvalho, primeiro, e Eric Dyer, depois, abordam o lance. O terceiro elemento do Sporting, já dentro de área, furtou-se, compreensivelmente, a fazer penalti (e se era o Rojo, já tinha um amarelo). O sérvio já tinha feito uma brincadeira semelhante momentos antes que só não tinha dado golo graças a Rui Patrício, por isso os jogadores do Sporting não se podem queixar de terem sido surpreendidos. Meus amigos, logo que Markovic recebe a bola, ele não pode dar mais de um passo com ela. William Carvalho permite que ele vá embora. À entrada da área, creio que é o recém-entrado Dyer que é surpreendido pela velocidade do sérvio, que já ia embalado. Mas aí era uma bordoada no miúdo. Dava amarelo, dava. Dava livre perigoso, dava. Mas não se abre assim uma via rápida daquela maneira. Alguém imagina como um Fernando, um Mangala, um Otamendi abordariam este lance?

O Celtic não vai em grupos

A estratégia suja de contratação de jogadores que o Benfica normalmente utiliza pode funcionar com as Académicas ou os Olhanenses ou os Leirias deste jardim à beira-mar plantado, mas lá fora as coisas piam mais fino. O treinador do Celtic disse, a propósito do guarda-redes Fraser Forster (nas últimas semanas associado aos coisinhos) que “Não tivemos qualquer proposta oficial por ele. Mas, na verdade, escrevemos uma carta a um clube para que desistissem.” Não revelou o nome do clube, mas a imprensa britânica dá como certo que será o segundo classificado do campeonato português. É assim que se põe na ordem a chico-espertice.

Ou então não


Tinha tudo para dar certo, carago. A história é simples. O Diário de Notícias, a exemplo da “grande maioria“, apostava que os coisinhos iam ganhar o campeonato. Vai daí, a três jornadas do fim do campeonato – ou seja, logo após o jogo da Madeira -, enviou o documento acima publicado a várias empresas no sentido de arranjar patrocínios para aquela que seria uma “homenagem ao Campeão Nacional“: uma “revista de coleção e de grande qualidade“. Esta proposta, que, pelo tom eufórico do texto e pelo arrojo no grafismo, parecia saída do departamento comercial do próprio SLB, deixou de fazer qualquer sentido, como todos sabemos, a partir daquele fatídico “minuto Kelvin“. Lá se foi o “BENFICA CAMPEÃO 2012/2013”. Não pretendo criticar a opção editorial do DN. Após a vitória dos coisinhos na Madeira, até eu estava mais ou menos consciente de que o campeonato era uma quase-utopia. Mas eu gostava de saber se, por algum instante, o DN pensou em fazer a mesma revista para um hipotético “FC PORTO CAMPEÃO 2012/2013”. Eu compraria. Muitos portistas comprariam. E estou certo que, como revista de “interesse para os amantes do futebol, em geral“, muitos benfiquistas o fariam também. Ou então não.
(n.r. – ocultei, propositadamente, os valores que o DN cobraria pela publicidade pois não acho que tenha interesse para o caso)

Eu cá sou bom

Assisti, algo incrédulo, às declarações de Jorge Jesus logo após o jogo com o Gil Vicente. Será que ele acredita mesmo naquilo que está a dizer? Será que não tem consciência do nível de aldrabanço a que chegou o seu discurso? Será que a escala narcisista não tem limite? Estas declarações são acompanhadas de trejeitos faciais que seriam o sonho de qualquer Tim Roth (o detetive de Lie To Me, conhecem?). Deixo-vos aqui a transcrição do discurso e a colocação de três caras que podem ajudar à investigação.
Nós sabemos o valor dos jogadores [cara #1], sabemos o valor da equipa, da equipa técnica, e principalmente eu. Foi expressada… ainda esta semana… três treinadores portugueses no top ten. Isto demonstra a qualidade dos treinadores portugueses… [cara #2] no mundo [cara #3]. Tudo isso faz com que a gente confie no nosso trabalho. Às vezes as coisas podem não correr bem, mas não deixamos de acreditar, os jogadores não deixam de acreditar e, neste caso, o treinador do Benfica também não deixa de acreditar.”

O vídeo: http://youtu.be/oUZRqYcYiNk

Estamos bem, obrigado.

Ainda não sei o que me irrita mais: se a berraria em torno do “imparável Sporting”, se a masoquista afirmação do Orelhas que alegou até ter sido melhor vencer o Gil nos descontos…

Mas tudo isso passa quando olho para a nossa equipa em campo e os vejo, sem elogios balofos da imprensa nem grandes títulos sobre as nossas aquisições, a vencer com naturalidade. Sim, fui um dos que não gostaram particularmente da fraca exibição no batatal de Setúbal, mas sou o primeiro a assumir que o FCP desta época me motiva um enorme sorriso. E já explico porquê.

A primeira razão prende-se com o facto de, ao contrário do que aconteceu no ano passado, existirem alternativas aos atuais titulares. Sobretudo, alternativas credíveis no futuro imediato, mas com potencial de crescimento. A segunda está ligada à forma como, de entre os supostos reforços, serem 2 dos menos sonantes quem ganhou lugar na equipa e, melhor do que isso, quem tem justificado as oportunidades. Em terceiro, e excetuando alguns momentos da jornada inaugural, a equipa atuar como um bloco, coesa, sem permitir grandes surpresas aos adversários – isto foi visível, a espaços (claro), até na pré-temporada.

Quanto ao que não gostei: da falta de “coragem” do nosso treinador em Setúbal – o belga estava a ser o melhor e o Lucho estava a fazer uma exibição paupérrima, mas quem saiu foi o Defour; no jogo de ontem, apesar do esforço, Defour complicou, demonstrou desgaste logo no início da segunda parte e… ficou em campo até ao fim! Mas o que me deixou mesmo aborrecido foi o excesso de malabarismos que nos impediu de golear e, em especial, a forma como o Jackson aborda alguns lances (onde, para lá de algum egoísmo, transparece o mesmo tipo de atitude displicente que motivou o falhanço do “penalty à Panenka”). Se o nosso treinador os tivesse no sítio, retirava o gajo de campo ao fim de 2 ou 3 habilidades inconsequentes e dava minutos e animo ao argelino. E explicava-lhe que, mesmo com o Quintero em campo, existem mais 9 gajos não colombianos a quem pode passar a bola…

Em suma, apesar dos reparos, as perspetivas deste arranque são ótimas e podem até melhorar já no próximo fim-de-semana, aconteça o que acontecer no jogo de Alvalade, desde que façamos o que é normal em Paços de Ferrreira (a julgar pela amostra no Beira-Mar  e pelo início desta época, parece-me que a carreira do “treinador” Costinha, vai ser mais do que curta, vai ser curtinha!… )

E porque não acredito que os verdinhos de Alcochete resistam ao desgaste do outono que se avizinha ou sequer a equipas pragmáticas como o Braga e o Marítimo, prefiro uma vitória sportinguista. Quanto aos senhores que detêm a hegemonia do futebol português (em termos de capas de jornais desportivos, está claro…), será giro ver a confusão que se instalará no galinheiro com uma eventual segunda derrota em 3 jogos.

Josué, Licá e mais nove

Isto está-se a tornar um caso sério, com Licá à esquerda, Josué à direita e a equipa a carburar como se eles já lá estivessem há uns anos. Estou-me a deixar conquistar por estes dois jogadores sobre os quais não dei muito na pré-época. Muito bem taticamemte, tratando muito bem a bolinha com os pés (então aquele pé esquerdo do Josué…) e sentindo o clube como adeptos, ainda por cima.

Jesus igual a Mourinho

Hoje lembrei-me do sprint de José Mourinho em Old Trafford para abraçar Costinha. O ministro tinha deitado abaixo a armada inglesa em mais um passo rumo à futura vitória europeia. Lembrei-me porque vi Jorge Jesus sprintar após o segundo golo, que determinou a vitória sobre o Gil Vicente, nos descontos, à segunda jornada. Os benfiquistas já têm o seu momento épico para mostrar aos netinhos: o treinador a esgaçar 50 metros para pôr a mão na cabeça do Luisão.
No final do jogo, Vieira aproveitou a maré e veio com o discurso previsível: esta equipa é muito unida, esta equipa sabe sofrer, os adeptos também são fantásticos porque não saíram do estádio, os adeptos são os maiores porque acreditaram até ao fim. Só faltou dizer que o Gil Vicente deixou de defender para além dos 90 minutos.

Luisão: dez anos de ilusão

A Bola chama, hoje, para a primeira página, mais uma das suas famosas efemérides. Normalmente estas efemérides assinalam meio século sobre vitórias internacionais do seu clube do coração, mas esta é diferente. Diferente porque são apenas dez anos. Diz assim: “Faz hoje 10 anos que Luisão chegou a Portugal“. Reparem bem: “chegou a Portugal”, e não, “chegou ao Benfica”. Faz toda a diferença. Luisão já é um símbolo nacional, uma espécie de filho adotivo da nação que o acolheu e beneficiou de todos os seus ensinamentos, dentro e fora dos relvados. Senão atentemos a alguns factos que preencheram o seu percurso, até hoje, em Portugal:
– Em janeiro de 2007, foi condenado a 40 horas de trabalho comunitário depois de ter sido detido a conduzir com uma taxa de alcoolemia de 1,44 gramas por litro de sangue. Na altura, não ficou inibido de conduzir pelo facto de ser uma figura pública, segundo o jornal Público.
– Em janeiro de 2008, teve de ser separado de Katsouranis, quando os dois estiveram para andar à batatada, em pleno relvado do Bonfim. Na altura, o clube suspendeu os dois jogadores, mas levantou a suspensão do central mais cedo por ser um dos capitães.
– Em agosto de 2012, abalroou o árbitro do jogo particular contra o Fortuna de Dusseldorf, aplicando-lhe um encontrão que o fez estatelar-se no chão. Esta carícia custou-lhe dois meses de suspensão.
– Pelo meio, arranjou tempo para ganhar imensas Taças da Liga, Troféus Guadiana e Taças Eusébio. E foi campeão uma data de vezes. Duas, mais precisamente.
Um bem-haja, portanto, ao jornal de Vítor Serpa por ter trazido à primeira página um assunto tão relevante para o nosso país.