Helton, o gigante

Digo-vos uma coisa: dá um jeitaço ter um guarda-redes no onze inicial. Hoje, por exemplo, foi graças a Helton que não tivemos um ou mais dissabores na segunda parte. No final do jogo, toda a gente esqueceu o brasileiro da nossa baliza, preferindo destacar as “incríveis perdidas do Rondon”, mas eu posso assegurar que vi o nosso guarda-redes a fazer duas ou três defesas de grande nível. Que sorte termo-lo levado a Paços!

O fácil tornado difícil (ou "o filme da época")

Os guarda-redes estão lá para evitar golos, os defesas para defender e os avançados para marcar. Foi assim ontem no Dragão à excepção da parte dos defesas. Helton defendeu o penalti de Ronny e Falcao bisou. Os defesas deviam e podiam ter feito mais. Aquilo que poderia ter sido um passeio descansado, tornou-se num thriller de consequências imprevisíveis. Até que um super-herói salvou a nação azul-e-branca e fomos todos contentes para casa.

A perseguição a Helton já enjoa. Leio por essa blogosfera fora que o guarda-redes brasileiro podia ter feito mais no lance do primeiro golo do União. Há quem escreva que Helton se redimiu desse lance com a defesa no penalti. Eu gostava de saber o que é que um guarda-redes pode fazer quando a bola sofre um desvio a curta distância, estando ele já preparado para a encaixar nas mãos. Não há reflexos que salvem um guarda-redes naquela situação. Alguém afirma que ele devia ter saído da baliza na marcação do lance e ter-se antecipado ao Diego Gaúcho. E os defesas? Onde estavam eles ao permitir um cabeceamento à vontade no limite da pequena área?

Se do ponto de vista ofensivo a exibição da equipa me agradou, com dinâmica e vontade de vencer, lá atrás não fizemos tudo o que estava ao nosso alcance. E mais, colocámos em causa toda a estratégia de uma equipa com um erro individual infantil, como foi no caso da falta e consequente expulsão de Fernando. Jesualdo pode ter culpas em muita coisa, mas será que lhe podemos assacar responsabilidades nestes lances?