Sporting TV

À meia hora de jogo, o Paulo Garcia dizia “Está a ser um grande jogo“. Sabe-se que em Alvalade e na Luz há sempre “grandes jogos” e o pessoal sai de lá extasiado com espectáculos do outro mundo. Mas hoje, só a SIC conseguiu ver, com 30 minutos, o que ninguém mais viu. O Sporting não chegava à área do Metalist, e o Metalist mostrava ser um conjunto de rapazes bons de bola, mas sem profundidade nenhuma. A coisa empastelava ali no meio campo, mas o Paulo Garcia estava a adorar.
Já perto do final, estávamos a bater nos noventa minutos, diz o jornalista “Veja, aqui na SIC, de hoje a oito dias, a segunda mão, na cavalgada do Sporting até às meias-finais“. Logo a seguir veio o penalti. Não duvido que o Sporting vá à Ucrânia cavalgar, mas a escolha vocabular é exemplar. Gostava de ver este tipo de patriotismo quando joga o FC Porto.
No final do jogo, Paulo Garcia dizia que “o 2-0 era melhor que o 2-1, mas o 2-1 é um bom resultado, de qualquer maneira“. Finalmente, e para acabar em beleza, aquele rapazinho da SIC que gasta uma embalagem de gel por cada flash-interview vira-se para Daniel Carriço e atira um “Você está um trinco de mão cheia!“. E lamber o rabo ao Carriço? Não teria surtido mais efeito?

Jornalismo da treta

Não me revejo neste tipo de jornalismo de comédia que o Maisfutebol explora. Por isso, bastou ver dez minutos daquele programa de futebol com o mesmo nome, cujo painel de comentadores tem mais benfiquistas por metro quadrado do que qualquer jardim de infância da Ericeira, para não querer ver mais.
Há pouco, via facebook, deparei-me com esta pérola. A propósito de uma frase simples de Paulo Ferreira – um jogador internacional português que sempre foi conhecido pela correção dentro e fora do campo – através da qual reconhece que já não tem as mesmas capacidades de outrora, o jornalista – se é que se pode chamar assim – goza, faz troça, brinca, atirando um lamentável “Ninguém diria, caro Paulo Ferreira”. A azia da derrota vermelha aos pés de um Chelsea de azul que contou com três jogadores ex-FCP, pelo vistos, é indisfarçável. Some-se a esta derrota o facto de o lateral português ter atingido o sucesso no FC Porto e temos a receita do anti-portismo primário. Jornalismo da treta.

Passos atrás

Sinceramente não sei o que dizer deste jogo. Uma mão cheia de oportunidades de golo desperdiçadas, uma bola no poste por Janko, um penalti injustamente negado a Hulk, e um golo do Paços na única oportunidade que teve em todo o jogo, já agora, graças à total passividade de Rolando e Lucho, que estavam a marcar fantasmas num pontapé de canto.
Criticar Vítor Pereira continua a ser fácil – basta a equipa jogar como jogou na primeira parte – mas com um plantel tão limitado, poucas alternativas de qualidade temos. Janko é solução de recurso para esta metade da época, mas não pode ser o nosso ponta de lança para o ano. James não pode ser apenas um fenómeno vindo do banco. Defour tem de valer mais do que meia dúzia de passes para o lado. Pelo meio, continuamos à espera de Danilo, porque Sapunaru “não dá”. E Lucho transpira qualidade, mas dura sessenta minutos, o que é incomportável para uma equipa de topo que se quer competitiva.
Já merecemos empatar jogos que acabámos por ganhar, mas neste não merecíamos ver a vitória escapar-nos. A questão do merecimento é sempre relativa, mas pensemos no jogo que o Paços fez contra o segundo classificado, nas oportunidades que criou, e no resultado final desse jogo para percebermos que a lógica em futebol é uma batata.
Apesar de não contar empatar este jogo, estou naquela fase em que já nada me surpreende. Começo mesmo a acreditar que este campeonato não é para nós, mas se, no final, levantarmos o caneco, este será provavelmente o título que menos festejarei.
PS – Admito que Sapunaru tenha feito falta com o braço na área, na primeira parte, mas o exagero na queda do jogador do Paços provavelmente prejudicou-o a ele mesmo.

Bloqueio é no basquete: SLB usa obstrução

A conversa em torno do recorrente uso de obstruções aos defensores contrários por parte do SLB pode soar a mera conversa fiada de mau perdedor. Porém, os responsáveis do FCP, conhecendo a situação, não se limitaram a reagir à derrota na Luz aludindo a esta esperteza saloia do homem da chicla – tê-lo-ão feito antes do jogo.

Como já disse, o SLB venceu o jogo porque quis mais e empenhou-se mais, quando, em contrapartida, os nossos jogaram na expectativa e cometeram mais erros. Em suma, quanto a mim a vitória deles foi justa, ainda que justiça e resultados de jogos de futebol não sejam coisas tão afins quanto isso.

Porém, o caso dos bloqueios/obstruções que JJ afirmou categoricamente não adoptar como prática corrente e nem sequer treinar para o efeito, ganhou outros contornos quando surgiram vários jogadores que foram treinados pelo estratega da Chicla noutros clubes a confirmar a insistência deste naquele tipo de situações e sublinhando que, não sendo o único com quem treinaram aquele tipo de jogada, Jesus era o treinador que lhe atribuía maior importância e que mais insistia nisso. Alguns, como Luís Filipe, nem sequer conheciam a marosca antes de serem treinados pelo dito mentiroso.

Na verdade, o que está em causa não é o joga da Taça da Liga. O que está verdadeiramente em discussão é o facto de uma habilidade táctica, manifestamente ilegal e falseadora da verdade desportiva que os “coisinhos” tanto gostam de apregoar e alegadamente defender, ter vindo a ser posta em prática em vários jogos do SLB sem que tenha sido punida – depois vai-se dizendo que o Benfica tira partido das “bolas paradas” porque estas são objecto de estudo, ou seja, transforma-se um comportamento à margem das leis numa vantagem competitiva decorrente do superior trabalho e afincado estudo do mestre da táctica vermelhusca.

Existe quem ache piada a estas espertezas saloias da personagem que treina o Benfica, quem entenda que isto é coisa de homem profundamente conhecedor do futebol ou até, na versão mais generosa, que ele é fino e os outros são uns nabos. A esses eu digo que terei vergonha de ser portista se este parolo batoteiro e mentiroso alguma vez vier a ser treinador do Porto. No limite, até prefiro um totó como o Vítor Pereira.

Mais uma surbia para a segunda circular faxabore

Perdemos e é justo que isso tenha acontecido – quem só corre atrás do prejuízo não merece melhor sorte. Além do mais, na modalidade de corrida desenfreada, bola para a molhada e transições rápidas o SLB é melhor do que o FCP – o nosso esquema não é este: é posse de bola, carago! Claro, claro, sem Fernando para pôr ordem na cabeça da área e um médio como o Belllushi para a guardar  a coisa fica bem mais complicada, mas a verdadeira diferença fez-se nos pormenores: eles quiseram mais e nós asneiramos muito.

Curiosamente, os marcadores dos nossos golos foram, muito provavelmente, os que fizeram menos e asneiraram mais – Lucho perdeu muitas bolas e não recuperou quase nenhuma; Mangala é quem se precipita no lance do primeiro golo e quem permite que uma lesma como o Cardozo se isole no lance do terceiro – pelo meio fez mais alguns passes estúpidos mas, paciência, o homem é novo, tem um potencial físico impressionante e há-de aprender a jogar simples.

Gostei de algumas coisas do Alex Sandro, da generosidade do Kleber, do Defour e do Sapunaru (quem dá o pouco que tem não pode ser censurado por isso) e, sobretudo, da classe e do querer do João Moutinho, que em pleno período de descontos ainda lutava, corria, jogava e fazia jogar como se aquilo tivesse começado há momentos. PdC tinha razão quando dizia que aquele gajo é um jogador “à Porto”.

Não gostei das ausências do Hulk e do Álvaro Pereira, que apesar de algumas boas intervenções passaram ao lado do jogo por largos períodos – o Incrível teve como oponente o mais lento e incrivelmente mais gordo defesa esquerdo que enfrentou esta temporada e só tirou partido disso no primeiro quarto de hora. Também não gostei da tardia entrada em jogo do James e dos breves minutos oferecidos ao pobre do Iturbe – VP está a testar a resistência mental do puto ou então algo se passa com o “mini-Messi”. O resto da malta fez pela vida, sem grande alma nem grande rasgo. Poderia até ter sido pior, não fosse alguma sorte nos lances em que a bola embateu nos postes e na barra da nossa baliza.

Foi-se a Bejeca (como de costume), esperemos que se salve o essencial. Esta época nunca mais acaba…

O plantel mais caro de Portugal tem 4 médios

Com os que VP convocou, o meu onze da Taça da Bejeca seria este:

Guarda-redes: Bracali; 

Defesas: Sapunaru, Maicon, Mangala e Alex Sandro; 

Médios: Steven Defour, João Moutinho e Lucho González; 

Avançados: Hulk, Juan Iturbe e Kléber


Os restantes convocados:
Kadú, Otamendi, Rolando, Álvaro Pereira, Silvestre Varela, Marc Janko e James Rodríguez.


O que é mais incrível é o facto de, com Fernando K.O., as escolhas para o meio-campo deixam de ser “escolhas” – são o que há disponível… O que me incomoda mais é saber que temos um jogador como o Castro emprestado a um clube do funda da tabela em Espanha… E aquele Mikel Agu não poderia ser opção? Os júniores servem para chegar ao “fim da linha” e serem dispensados?

Deixar ao acaso

A vitória de ontem foi quase tão indigesta quanto o empate em casa com a Académica. Quando o melhor jogador do Porto numa dada partida é o guarda-redes, algo está mal, a não ser que o adversário seja algum colosso europeu – não me parece existir nenhum na Madeira.

Faltava Hulk e faltava Fernando; faltou também inspiração a quase todos (Helton esteve, uma vez mais, muito bem, e Moutinho fez o possível por manter o nosso meio-campo à tona). A equipa fez uma segunda parte para merecer a derrota, depois de ter tido várias oportunidades para “matar” o jogo na primeira metade. O segundo golo foi uma injustiça para o Nacional.

Lucho apareceu poucas vezes no jogo e não tem frescura física para recuperar bolas. Defour tem a mesma origem mas não vale metade do belga do Benfica – é esforçado, não compromete, não acrescenta nada. Maicon esteve simultaneamente bem (na raça, no querer e no empenho) e mal (quando quis sair com a bola controlada e quase ofereceu o empate). O resto esteve entre o sofrível e os serviços mínimos – infelizmente, aquela belíssima exibição na Luz parece ter sido um acaso. Uma equipa do Porto que a 20 minutos do fim defende chutando a bola para o ar não é uma equipa – é um conjunto de jogadores em auto-gestão.

Now they know

Não fomos nós, mas alguém acabou por ensinar estes ingleses pedantes a nunca darem um jogo por vencido, a nunca acharem que a eliminatória está no papo só porque os milionários do Dream Team de Manchester não sabiam o nome de nenhum jogador do Sporting. Teria sido mais bonito se os lagartos tivessem aguentado o ritmo da primeira parte e jogassem sempre tão certinho. Porém, a verdade é que o City cresceu com a entrada do gigante bósnio, que também libertou Aguero para cair nas alas e contribuir para encostar os verdes lá atrás. 

Fiquei genuinamente feliz com o falhanço dos Citizens, ainda que este triunfo do SCP torne evidente que o Porto, mesmo tendo sido manifestamente infeliz em ambos os jogos da sua eliminatória, poderia e deveria ter feito melhor. A sorte também se busca e, sendo certo que o Sporting a teve na primeira parte, não deixa de ser verdade que os seus adversários nunca criaram oportunidades de golo que justificassem um eventual resultado mais desnivelado.

Uma história (ou duas) que se repete

Inenarrável

A exibição da equipa frente à Académica deixou-me tão f… furioso que nem vontade tive de escrever: não sei se me irritou mais a actuação displicente e sem nervo ou as declarações incompreensíveis do Vítor Pereira. Sim, é verdade que os jogadores entraram na partida como se aquilo se resolvesse facilmente e o campeonato estivesse “no papo”. Mas ouvir o nosso treinador dizer que a equipa esteve ausente na primeira parte, “sem agressividade” ou atitude, é incrível. Em primeiro lugar, aquilo já aconteceu muitas vezes. E, em segundo, se existe um histórico de situações afins e já vamos no terço final da Liga, como é que o treinador fala do assunto como se aquilo fosse uma surpresa, algo que o transcende e que parece não ter relação nenhuma com o seu trabalho, a sua liderança? É por estas e por outras (como mais aquela sessão de susbtituições à moda do FM) que eu não quero que o homem continue na próxima época nem que vença a Liga e dê 5 secos na Luz no jogo da Taça da Bejeca.

O outro lado

Quando Maicon marcou o golo da vitória na Luz e toda a Comunicação Social se concentrou em sublinhar o carácter decisivo do erro do árbitro como se nada mais explicasse a derrota do Benfica, fiquei logo com a impressão de que aquilo nos ia custar muito caro. Tive a noção de que, nos jogos que se seguiriam, o Benfica seria ressarcido em doses cavalares. E assim foi em Paços de Ferreira: o homem que fez o golo da vitória já nem deveria estar em campo no momento em que marcou o livre – deveria ter visto o vermelho ou, no mínimo, o segundo amarelo por ter pisado deliberadamente o jogador adversário. Mas a coisa não ficou por aqui: o mesmo artista conseguiu arrancar uma expulsão que reduziu o Paços a 9 jogadores sem ninguém lhe ter tocado. Para a semana há mais…