Álvaro Pereira

É um dos jogadores indiscutíveis do FC Porto actual. Velocidade, eficácia a defender, qualidade no cruzamento. Álvaro Pereira preenche a ala esquerda de forma completa e a equipa é muito diferente sem a sua presença. Para pior. A questão que se coloca é a seguinte: é este já o melhor defesa-esquerdo do FC Porto pós-Branco? Admito que sim, mas ainda lhe falta ganhar títulos, coisa a que Nuno Valente ficou ligado para sempre na história do nosso clube. Recordo ainda um brasileiro dos anos 90 chamado Esquerdinha, que foi, na minha opinião, muito subvalorizado enquanto foi jogador do nosso clube. Fica o convite para participarem na botação na barra lateral.
Voltando a Álvaro Pereira, não sei se os caríssimos leitores estão lembrados, mas o uruguaio, antes de vir para o Dragão, foi dado como certo no 2º classificado pelo jornal A Bola. Chegaram mesmo a deslocar-se à Roménia para entrevistar o “novo defesa-esquerdo do Benfica”. Passámos de um Álvaro Pereira sorridente enquanto “jogador do Benfica” para um Álvaro Pereira sério, com ar apreensivo e com as mãos em posição de pedir perdão, talvez pela traição que acabara de fazer e que o jornal O Jogo, na altura, cronometrou em 4 minutos (o tempo que ele levou para decidir e assinar pelo FC Porto). Ora cliquem lá na imagem.

Andamacaçar

Quando era puto e brincava às caçadinhas, esta era a palavra mágica: “andamacaçar!”. Muitos anos depois, apetece-me dizê-la ao treinador do… ora deixa cá ver… 1, 2, 3, 4… 5º classificado (e com hipóteses de, ainda hoje, descer mais um bocadinho). Jorge Jesus volta a moralizar as tropas, repetindo até à exaustão “estamos cada vez melhor” ou “estamos a melhorar de jogo para jogo”. Mas não lhe adianta nada. A nove longos pontos de distância está o FC Porto, a jogar bem, a marcar grandes golos e a sofrer poucos ou nenhuns. E com Hulk, o homem do momento. Ou Luís Filipe Vieira, Rui Costa e companhia desencantam forma de fazer eclipsar o Incrível para a segunda metade da época ou arriscamo-nos a ser campeões depois do Natal. A armadilha do túnel foi brilhante, mas já ninguém cai nela. Também não acredito que David Luiz seja incumbido da missão de lesionar gravemente um colega de profissão, ainda para mais depois de tanta amizade revelada no estágio da selecção brasileira. Tem de ser uma situação muito bem engendrada para nos tirarem o fenómeno Hulk. Não que a equipa deixasse de ganhar sem ele em campo, facto que já aconteceu esta época, o que indica a superior qualidade do plantel, mas, com Hulk, aquele jogo que, por vezes, não sai, ou está teimosamente empatado, pode, de repente, ficar resolvido.
Ontem, contra a Olhanense gostei muito de João Moutinho, da forma como torna simples o complicado e põe sempre a equipa a jogar em progressão, fazendo-o, ainda para mais, com muita classe. Outro destaque, na minha opinião, tem de ir para Álvaro Pereira, finalmente o defesa-esquerdo que já fez esquecer Nuno Valente (Cissokho não conta para estas contas).
Uma última palavra para o facto de Moretto ter sido recebido no Dragão com vaias, assobios e insultos. Eu não percebo. Sinceramente, estava preparado para lhe dedicar um forte aplauso, admitindo até a hipótese de levar um estandarte com a frase “Obrigado, Moretto!”, devido ao facto de, em primeiro lugar nunca ter vindo para o FC Porto, em segundo lugar ter sido o protagonista de episódios tão hilariantes da história futebolística deste país. Quem não se lembra daquele Janeiro divertido no SLB? E ainda assobiam o gajo?

E nós temos uma equipa

O jogo de hoje trouxe-me a ideia de que estamos a construir uma equipa de grande qualidade que, sem estar ainda a carburar em pleno, ganha com uma naturalidade e uma simplicidade que me deixa muito optimista para esta época. Um dos indicadores do que acabo de escrever é tão só o facto de hoje terem saído do banco nomes como Ruben Micael, Souza e Fucile. O primeiro é um desenhador a régua e esquadro. A bola nos seus pés sai sempre com intenção, beleza e precisão. Quem se pode dar ao luxo de ter um jogador deste calibre no banco? De Souza, começa a perceber-se que é muito mais do que um mero trinco. O à-vontade com que joga, ainda com pouco tempo de clube, é a prova de que a qualidade está lá, apenas tem de evoluir no sentido de querer ter mais a bola nos pés e arriscar com ela. Quanto a Fucile, é dele, naturalmente, o lugar de defesa-direito, pese embora as boas prestações de Sapunaru nesste início de época. Mas Fucile… é Fucile, e estando a 100%, fisica e psicologicamente, é o melhor lateral-direito a jogar em Portugal.
Quando temos estes três jogadores no banco, e ainda outros como “Cebola” Rodríguez ou Guarín, percebemos que o plantel, este ano, é mais fiável do que o do ano passado. Villa Boas pode bem fazer a gestão rotativa do mesmo sem grandes variações no desempenho. Pelo menos é a minha ideia neste momento.
Hoje, elejo como os melhores em campo o trio Álvaro Pereira, Bellushi e Falcao. o primeiro porque é o nosso melhor extremo-esquerdo. O segundo porque traz aquilo que não tínhamos há muito tempo: um marcador de livres directos fiável e constante. O terceiro porque marcou dois golos e falhou outros dois. Sim, porque até nos falhanços Falcao é um espectáculo.
Uma palavra para Ukra, um jogador que por certo cumpria hoje um sonho de criança: jogar no Estádio do Dragão com a camisola do FC Porto. Nao foi a estreia que ele por certo esperava, mas eu acredito que aquele estádio ainda o vai ovacionar muitas vezes de pé. Não faltarão oportunidades, Ukra!
PS – A noite encerrou com uma óptima notícia. O Benfica não vai emprestar Roberto, ao contrário do que avançou a TSF durante a tarde. O jornal A Bola adianta, no entanto, que o “8 milhões” perderá a titularidade. Pobo do Norte soube de fonte ligada ao processo que Mantorras ter-se-á oferecido para jogar à baliza.