Fiquei um pouco preocupado com o nosso arranque de campeonato em casa: a equipa esteve mal, pouco pressionante e só a sorte nos livrou de sofrer mais um ou dois golos do Gil Vicente. Porém, depois de ver os Coisinhos e os Calimeros jogar, fiquei mais descansado: estão a jogar ainda pior.
O problema: para vencer o Barcelona era preciso rasgo, rigor e alguma sorte. Não tivemos nada de parecido com o primeiro, fomos certinhos a defender (é verdade) mas não tivemos sorte nenhuma. Nem com a inclusão do Rodriguez, nem com o árbitro, nem com o facto da asneirada do Gaurin ter colocado a bola nos pés do melhor jogador do mundo. Não adianta crucificar o quase ausente Kleber, criticar o apagamento do Moutinho e do Hulk ou as opções do treinador (só não percebi porque razão ficou o James “em casa” se o Varela não merecia a ala esquerda do ataque).
A verdade é que tivemos a nossa “janela de oportunidade” nos primeiros 20 minutos de jogo e não marcamos. Depois disso começou a notar-se a qualidade do Iniesta, do Xavi e do Messi. E deixamos de ter bola. Até que o colombiano decidiu inventar e isolou o génio argentino. Caldo entornado. O que era difícil tornou-se ainda mais improvável: ir em busca do empate sem cautelas traduzir-se-ia num suicídio futebolístico. E não fomos – o jogo continuou dividido, embora eles chegassem cada vez mais perto da nossa área com bola e nós só raramente conseguíssemos jogar no meio campo deles.
O resto é consequência da suprema qualidade de uns, que podem dar-se ao luxo de comprar dois jogadores por muitos milhões e deixá-los no banco (Fabregas e Sanchez “só” entraram para liquidar o jogo), e a incapacidade de outros manterem nas suas fileiras aqueles que fazem a diferença a este nível. Sim, a bola é redonda, são 11 contra 11, mas se à base da selecção campeã Europeia e Mundial juntarmos o melhor jogador do mundo e um treinador do melhor que existe o resultado só pode ser o sucesso.
Quanto a nós, precisamos de tempo, de não perder mais ninguém para os tubarões europeus (excepto o Pereira, que já está com um pé lá fora), de deixar o Kleber crescer e de mais umas vitórias internas para moralizar. A derrota de ontem não foi de forma alguma categórica nem muito menos humilhante – muitos, entre os quais aquele que conta com o segundo melhor plantel do Mundo, passam a vida a perder com Messi e companhia. É a vida…