Preto no branco

A questão da boca racista do Javi Garcia nunca se vai resolver. Para mim é mais um fait-divers do nosso futebolzinho. E é a palavra de uns (Alan e Djamal) contra a do outro, daí a dificuldade em resolver a contenda. É claro que o Alan é quem tem missão mais espinhosa pois cabe-lhe provar aquilo diz. E Javi Garcia não tem com o que se preocupar até porque as suas costas estão bem resguardadas por uma imprensa amiga que não hesitará em exigir provas. As mesmas de que abdica quando se trata de condenar jogadores do FC Porto.
Neste caso, o alegado insulto é muito grave, e encerra uma visão terceiro-mundista do Homem, mas o futebol sempre foi terreno pródigo em bocas, insultos, provocações. Quantos jogadores negros não terão ouvido coisas semelhantes e responderam à letra ou deram o devido desconto? E quantos Filho da Puta tem um jogador de ouvir, por exemplo, da boca de um João Pereira, para se vir queixar para a imprensa?
A menos que haja uma câmara que leia os lábios do espanhol (estarei a ser racista?), nada feito. Nem que venha o Nuno Gomes dizer que também ouviu ou que a boca também era para ele. O que eu quero saber agora é se vai ser aberto um inquérito à situação.

As três manchetes de hoje

A vitória de ontem do Braga deixou-me curioso em relação a como seriam as capas dos desportivos de hoje. Pois bem, tivemos direito a três capas diferentes. As de A Bola e O Jogo regeram-se por critérios puramente desportivos e, naturalmente, deram destaque à proeza bracarense. Pena que este critérios puramente desportivos e eticamente justos sejam esquecidos por A Bola na maioria dos feitos do FC Porto (falo de vitória em jogos importantes, não em conquistas de grandes troféus). A capa de O Jogo é particularmente feliz porque dá destaque ao que raramente parece nas primeiras páginas: os adeptos. E graficamente está muito bem conseguida. Depois, temos o Record, esse lixo jornalístico, para quem tudo o que está acima do Tejo é paisagem, preferindo fazer manchete com um suplente do Grémio de Porto Alegre que vem substituir Ramires.

E os vermelhos perderam (mais uma vez)

Hoje o Sevilha jogou de vermelho e perdeu. Qual a novidade? Vibrei com este Braga e dei por mim e gritar golo no café onde vi o jogo. Domingos à parte, há qualquer coisa do FC Porto-tipo das últimas décadas neste Braga, na forma como se une em bloco a defender e se organiza solidariamente no ataque, com classe, sacrifício e coragem. Se dúvidas houvessem, está explicado o segundo lugar no campeonato do ano passado e fica a sensação de que, com armas que o SLB teve ao seu dispor, este Braga teria sido campeão nas calmas. Vocês sabem do que é que eu estou a falar.

PS – Já tinha ficado com esta ideia no ano passado quando nos defrontou enquanto jogador de Os Belenenses. Lima tem pinta de craque e caía que nem uma luva no nosso plantel.

Desta vez, o Mourinho dos Pobres não goleou…

Nós não estamos a jogar nadinha. Mas os gajos sempre que encontram uma equipa que jogue decentemente também encravam.

Só para ver o melão destes cretinos, que estavam à espera do apregoado “vendável de futebol” benfiquista e acabaram com um banho de bola no Minho, já valeu a pena a frustração do jogo de ontem.
Obrigado Domingos por mais este contributo para a nação portista.

Sem alma, sem sorte e sem rasgo

O que Porto fez em Braga foi pior exibição desta época. Exactamente quando era preciso ser mais dominador, mais confiante e mais afirmativo, Jesualdo insistiu na conservadora táctica de Londres e, especialmente, na titularidade de Guarin. Só que o Braga não é o Chelsea, nem tem o meio campo de pesos-pesados da equipa de Anceloti. Manter o colombiano no 11 abdicando de um nº 10, que só poderia ser Bellushi, foi antes de mais uma demonstração de temor, de reverência, que teve consequências óbvias na atitude da equipa em campo.

Dizer que fomos dominados é falsear a verdade, mas o que é efectivamente certo é que o Braga fez mais pela vitória do que o Porto, excepção feita aos 5 minutos finais. E uma equipa que quer vencer a Liga não pode limitar-se a equilibrar o jogo, a ter tantas chances de golo quanto o adversário. Não me vou alargar em grandes considerações porque daquilo que vi só me agradou, a espaços, o trabalho do Varela, que fez mais do que os “consagrados”. O resto da equipa este mal ou simplesmente passou ao lado do jogo – Hélton não fez quase nada e não tem culpas no golo, Falcao teve uma única oportunidade e falhou -todos os outros estiverem sofríveis, com passes falhados, incapacidade de reter a bola e, no caso do Hulk, uma estúpida insistência em lances individuais condenados ao fracasso (o Braga foi mais solidário a defender e era comum ver-se o jogador do Porto que tinha a bola rodeado por 2 ou 3 adversários).
Umas palavrinhas sobre a arbitragem e sobre os comentários da SportTV: dizer que o lance entre o Alan e o Álvaro Pereira é um penalty evidente é coisa de benfiquista à paisana; dizer o contrário no lance da 2ª parte em que o Hulk caiu na área do Braga tocado por trás é só a confirmação desse clubismo. Nem um nem outro foram lances “evidentes”. Mas onde o Proença começou a influenciar o rumo do jogo foi nos cartões amarelos que muito cedo exibiu ao Hulk e ao Falcao; no caso do brasileiro, se tivesse mantido o critério de punir daquela forma todas as simulações, poucos jogadores do Braga teriam acabado o jogo.