O paladino da verdade

Não vi a entrevista de Vieira à Judite, mas sei que ele quer que a “judite”, a outra, vá ao FCP. Esta é a ideia que todos os jornais destacam da presença de ontem na TV daquele que foi apanhado a escolher um árbitro, nas escutas, para a Taça de Portugal, mas que nunca foi constituído arguido por isso. Aliás, acho que isso nunca lhe irá acontecer, nem que o tecto lhe caia em cima. Confirma-se a ideia de que a melhor defesa é o ataque, e então vai de deixar “desafios” e “propostas” à Judite (a esta e à outra): que se investiguem os dois primeiros classificados do campeonato, o que o ganhou e o que ficou a 21 pontos. Este homem é imune a tudo, nada é com ele, tudo o que de mal acontece no futebol apenas tem a ver com os outros. Primeiro, a investigação não era sobre Roberto, apenas sobre Júlio César, e nada tinha a ver com o Benfica. Agora, já se sabe que afinal a situação de Roberto também tem vindo a ser investigada. O que me dá algum gozo ver é a indignação que esta gente mostra – incluo aqui os comentadores benfiquistas das TVs – pela suspeição levantada, pela calúnia, dizem eles, pela forma fácil como a comunicação social publica “mentiras”. Ah, como tudo isto me soa familiar. Quanto à questão de Jesus e as alegadas comissões, ainda está para se saber quem estará por detrás disto tudo e com que reais intenções… E o que que me vou rir no final!
PS – Gostei da parte em que LFV chamou “Fernando Viagra” a Fernando Seara”. A Judite também deve ter gostado. Vejam aqui: minuto 6:10.
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Vão começando a contar…

Contratações virtuais de 25 de Maio:

Edgar Pacheco estava na mira mas vai para o Tigres…
Rodriguez desviado para a Luz…
Rádio brasileira dá Renan como certo no SLB…
Guardado é de novo alvo do Benfica…
Mahamadou N’Diaye quer jogar nos coisinhos…

Vai ser giro contabilizar a relação com a realidade. E a Pinhão ainda diz que só existimos em função do que acontece no SLB: não poderia ser de outra forma porque o circo é maior espectáculo do mundo..

Vão vir charters de jogadores para os coisinhos

Como toda a gente sabe, existe uma época do ano em que o SLB é imbatível: o defeso, momento que tem inicio quando o jogo dentro do campo acaba e o jogo nas páginas d’A Bola atinge a histeria total.

Este ano, após a humilhação da Taça de Portugal, o espectáculo começou mais cedo, com ofertas mirabolantes pelos jogadores mais desvalorizados (Saviola, Cardozo e até o GR espanhol) e muitos brasileiros e sobras dos grandes da Europa alegadamente desejosos de alinhar com o milhafre ao peito.

Emergiram também grandes esperanças emprestadas como o David Simão, o Nelson Oliveira, o Miguel Rosa e esse achado que o Real Madrid despachou para Lisboa chamado Rodrigo, um atacante tão bom e tão valioso que nem no 14º classificado da Liga Inglesa se conseguiu impor.

Emprestado ao Bolton, este espanhol de origem brasileira fez 6 jogos a titular e 15 aparições vindas do banco, marcando… um golo… sim, um golito. Ganda avançado!!… E agora tentem comparar esta pérola, pela qual o SLB terá pago 6 milhões de euros, com o James Rodriguez, que é mais novo e custou ao Porto 5,1 milhões de euros (70% do passe).

Entretanto, o circo não pára, o paraguaio afinal quer muito ficar no SLB, o Weldon (a arma secreta do Xessus) vai de volta para o Brasil e o Kardec, esse Jardel dos pobrezinhos, também já estará na lista de dispensas. Mas as duas melhores notícias para os portistas são estas: o Roberto dos 8,5 milhões de euros recusa-se a ser emprestado e o único com reais possibilidades de venda é o Coentrão, que além de ser o maior bronco das Caxinas, é também o melhor defesa esquerdo português. Fica Roberto, vai-te embora Coentrão – a malta agradece.

Nota importante: o Manchester United pagou 21 milhões pelo anunciado substituto do Van der Saar. Não se chama Rui Patrício: chama-se De Gea. Mais um que já estava vendido pela imprensa e ficou em terra.

P.S. – Continuamos à espera que os palhaços da Comunicação Social que tão prontamente tentaram minimizar o facto do Porto ter ultrapassado o Benfica em títulos, dizendo que apenas “igualou”, dêem agora igual destaque ao desmentido da FIFA que, de uma forma subtil, lhes disse que a Taça Latrina vale o mesmo o Troféu do Guadiana.

Balanço da época: o que mudou

As duas primeiras coisas que me ocorrem quando tento comparar a época passada com a que agora terminou são sempre as mesmas: João Moutinho e André Villas Boas. Ocorre-me também que passamos muitos jogos sem Hulk (e sem o Sapunaru), mas a verdade é que quando deixamos de poder contar com o Incrível o Porto já tinha sido derrotado na Luz e estava atrás do SLB na classificação.

Moutinho foi a peça que faltava no 11, para compensar um Meireles sem motivação para dar o que podia à equipa e ser o elo de ligação entre um ataque de grande qualidade e uma defesa que, apesar do sucesso da equipa, não é definitivamente o ponto mais forte do FCP. Porque se é verdade que Falcao e Hulk têm lugar no 11 da maioria das superpotências futebolísticas da Europa, nenhum dos nossos defesas pode, num futuro imediato, aspirar a fazê-lo.

Rolando e Otamendi são muito bons, mas não têm (ainda) a qualidade, a capacidade ou o nível de impacto de um Ricardo Carvalho ou de um Pepe – aliás, um Bruno Alves com a cabeça no lugar era melhor do que qualquer dos nossos actuais centrais . Quanto aos nossos laterais, o único que reputaria de “muito bom” é o Álvaro Pereira, que tem mostrado bem mais do que eu augurava. Mas Fucile e Sapunaru, tendo os seus pontos fortes e os seus momentos bons, não são jogadores decisivos e falham demasiadas vezes. Quanto ao Maicon, a minha esperança de o ver ultrapassar a fase “Pepe, o suicída” está a morrer – oxalá me engane. Falta referir alguém que faz parte do conjunto defensivo, apesar de nesta época ter andado assiduamente por terrenos mais adiantados: Fernando. O brasileiro é um dos que foram predominantemente “muito bons”, que conseguiram ser extraordinários em alguns jogos e apenas medianos noutros. Na minha opinião, mesmo antes das suas inequívocas declarações no final do jogo do Jamor, é aquele que precisa efectivamente de mudar de ares, quase tanto quanto o precisavam o Bruno Alves e Raúl Meireles. A motivação para jogar no FCP, seja por questões salariais seja por razões de outra índole, já só surge a espaços. Nos intervalos disso ocorrem asneiras como a da final de Dublin, que poderia ter tido um custo enorme.

Por fim, AVB. Poder-se-ia estabelecer como diferença essencial entre o experiente Jesualdo e o jovem Villas-Boas a coragem ou o arrojo. Mas aquilo que salta à vista é a diferença na ambição. AVB quer ganhar tudo, ainda que tenha a noção de que vencer a Liga Europa é tão difícil como chegar aos quartos de final da Champions, avisando os adeptos que é preciso ter calma com as euforias. Jesualdo entrava derrotado ou com medo de perder em todos os grandes confrontos, dentro e fora de Portugal. Ou, como exemplo, AVB nunca jogaria em Londres, contra o Arsenal, com um plano que incluísse um terceiro central a fazer de médio defensivo, sobretudo se este nunca tivesse alinhado naquela posição. Jesualdo jogava em função do seu adversário. AVB adapta a equipa sem lhe incutir medo. E, além disso, AVB consegue estabelecer uma relação de respeito e proximidade que a distância e o ar sisudo de Jesualdo nunca permitiram. AVB fez do Bellushi um médio trabalhador, daqueles que fazem muitas recuperações de bola por jogo. Jesualdo nunca tirou partido do pequeno Samurai porque viu nele uma vedeta sem capacidade de sacrifício ou disciplina táctica. Do exemplo Guarin nem vale a pena falar: entre a inépcia que sempre demonstrou na posição 6, onde era recorrentemente colocado na era Jesualdo, até ao brilhantismo e capacidade de decidir jogos que reconhecemos nele no último terço deste campeonato, vai uma distância enorme. A distância entre um treinador que já é extraordinário e um treinador que nunca o foi.

Entrevista de Pinto da Costa à RTP1

Acabei de ver a entrevista a Jorge Nuno Pinto da Costa na RTP1 e achei tão deprimente o trabalho de Fátima Campos Ferreira que me apeteceu por várias vezes mudar de canal. A senhora tem muito boa vontade, mas não percebe um corno de bola, ou, como diria Gabriel Alves, do “fenómeno futebolístico”. Um guião formado por um conjunto de perguntas desligadas entre si, algumas sem qualquer interesse jornalístico, entoações estranhas, exclamações a despropósito, muitas interrupções ao entrevistado, algumas gaffes (disse que o FCP tem 68 títulos, quando tem 69; apontou para a Taça de Portugal e disse que tínhamos ganho a “Taça da Liga”; chamou “Estádio das Antas” ao “Estádio do Dragão), de tudo um pouco houve nesta entrevista. Mais valia terem posto lá o Jorge Jesus a entrevistar.
Do nosso grande presidente não se ouviu grandes novidades, muito por culpa da condução da entrevista, mas também porque nesta altura já tudo foi dito sobre esta época maravilhosa. Ainda assim, ficou a certeza de que as cláusulas de rescisão de Falcao e Hulk (e de qualquer outro jogador…) serão para respeitar religiosamente. Fátima Campos Ferreira questionou-o sobre Fernando, porque “No Brasil, diz-se que já não volta“, ao que Pinto da Costa respondeu, por entre sorrisos “Eu se fosse ao Brasil também não voltava …

Fatal como o destino

O PdC já tinha dito que com os coisinhos seria mais fácil e creio que isso resume tudo. O Braga foi igual a si mesmo: um conjunto guerreiro, resguardado antes do golo, arrojado q.b. quando se encontrou a perder. Mais importante do que isso, com alguma rudeza à mistura, limitaram o nosso meio campo, fizeram-nos jogar pelo ar, em suma, fizeram o que estava ao seu alcance.

O jogo teve 5 momentos de golo provável, os do Minho tiveram uma a abrir o jogo e outra no início da segunda parte, enquanto que o Porto teve o lance do Hulk, a jogada do golo e o remate ao lado do Bellushi. Como espectáculo de futebol não foi brilhante, sobretudo se comparado com o triunfo de 2003.

Mas qualquer jogo decisivo, e especialmente as finais de competições deste tipo, decidem-se em pormenores, nos erros de uns e na capacidade dos outros os aproveitarem. Resumindo, poder-se-ia dizer que a diferença foi ter Falcao ou Mossoró. Mas isso seria injusto para os nossos: olhando posto a posto, é mais do que óbvio que nenhum jogador do Braga teria lugar no actual 11 do Porto (talvez o Sílvio, se actuasse na direita) e isso diz quase tudo.

A festa foi bonita e percebeu-se até que ponto, ao contrário de outras equipas alegadamente favoritas, os jogadores do Porto não davam a vitória como um dado adquirido. Julgo ter também percebido o ar comprometido do Sr. Platini, a quem faz sentido dedicar esta vitória. Quanto ao anafado governante que confunde Fafe com Braga, sugiro uma Rennie.