
Mesmo ao lado da igreja do Bonfim, fica o “Solar do Norte”, uma espécie de casa do Sporting na cidade do Porto. Este ano, decidiram implementar a medida, não original, diga-se desde já, de cobrar apenas 35 cêntimos pelo cimbalino, “Até o Sporting ser campeão”, lê-se no cartaz, como podem ver pela imagem. Se passarem por lá, dêem uma ajuda aos rapazes (a bandeira hasteada diz “Directivo”), porque, pelo que estamos a ver, não será este ano que o café será aumentado.
O Sporting até teve uma boa atitude a jogar com dez, mas aquela defesa, com laterais medíocres e um central na curva descendente da carreira, mete água por todos os lados. Foi pena que o FC Porto tenha abdicado do jogo, a certa altura, e tenha dado o domínio do mesmo ao Sporting.
A expulsão de Polga foi, ao contrário do que a maioria pensa, o momento que equilibrou as equipas em campo, porque nós nunca tivemos onze jogadores desde o início. Há quem chame a isto perseguição, mas se me apontarem um momento positivo de Mariano González, neste jogo, reconhecerei que estou a ser injusto. Um passe de ruptura para jogada perigosa, um remate perigoso, uma participação positiva em jogada de envolvimento, sei lá, apontem-me qualquer coisa de bom que Mariano tenha feito em termos atacantes. É que não vi nada!
Outra exibição medíocre, na linha do que tem feito nesta época, foi a de Raul Meireles. Se o nosso meio-campo não se impôs em Braga e, hoje, perdeu tantas bolas para o Sporting, a ele o deve. Meireles parece ser o jogador que mais falta tem sentido do apoio de Lucho González, talvez lidando mal com a pressão de sobre ele recaírem maiores responsabilidades na construção ofensiva. Da mesma forma que Maniche nunca seria o que foi sem um Deco, este Meireles parece estar órfão de Lucho. Talvez lhe faça bem começar um jogo ou dois no banco e dar a titularidade a um Guarín ou, porque não, a Valeri.
As queixas de arbitragem na equipa de Alvalade são como a abstenção em dia de eleições. Existem e hão-de existir sempre. Paulo Bento queixa-se da segunda expulsão de Miguel Veloso e da não expulsão de Raul Meireles. Mas não diz uma palavra sobre o facto de, já antes do cartão amarelo a Meireles, dois jogadores do Sporting, Liedson e Polga, terem merecido o cartãozinho, que Duarte Gomes perdoou. Também nada diz sobre o à-vontade com que os seus jogadores berraram com os árbitros-assistentes sem que nada lhes acontecesse. Quem não se lembra dos tempos em que qualquer frase dita por jogadores do FCP a fiscais-de-linha resultava invariavelmente em amarelo e mesmo em vermelho?
É claro que a culpa desta confusão é também nossa, que tivemos a oportunidade para matar o jogo e a desperdiçámos, curiosamente, por um dos nossos melhores jogadores da noite, Falcao. Este colombiano é um jogador de grande qualidade. Nunca fará esquecer Lisandro Lopez, mas deixa a concorrência interna a milhas. Na noite de hoje tivemos ainda direito a um Hulk de alto nível, não a tempo inteiro, mas em momentos cruciais: sofreu a falta que deu origem ao livre do golo, semeou o pânico na defesa sportinguista nos primeiro vinte minutos, “expulsou” Polga num lance magistral e teve um remate fabuloso de fora da área para defesa de Rui Patrício. Depois, jogar com Bellushi é jogar com alguém que sabe o que fazer com a bola. E hoje Jesualdo terá percebido a falta que o argentino fez em Braga.