Vítor Pereira não foi o primeiro treinador do FCP a ser goleado em Inglaterra. Nem o segundo, nem o terceiro. Mas espero que tenha sido o último. É que já começa a chatear esta sina de que temos de sair (quase) sempre de lá com um saco cheio de batatas.
À partida podemos ver neste desastre uma série de erros individuais que ilibam o treinador e a sua tática. Um exemplo: Otamendi, um central internacional argentino habituado a campos de exigência máxima, comete um erro típico de um infantil aos 15 segundos de jogo. Não creio que o argumento “ah-quem-foi-que-o-pôs-a-jogar-quem-foi?” valha. Apesar da boa resposta que Sapunaru deu no jogo anterior (num jogo contra uma equipa fraquíssima do nosso campeonato), era natural que Maicon, com mais andamento e tempo de jogo, voltasse ao lado direito, entrando Otamendi, o tal “central-internacional-argentino”, para jogar ao lado de Rolando.
Outro exemplo: o segundo amarelo a Rolando resulta da discussão com o árbitro sobre um possível offside no segundo golo do City (que, já agora, não existiu). Tendo percebido, desde o início, a facilidade com que este árbitro tirava o amarelo do bolso, que terá levado Rolando a ter aquela atitude? Aqui podemos argumentar que uma equipa é a imagem do seu treinador, e a força mental para manter a frieza nestes momentos tem de ser potenciada pelo líder. E nós sabemos que não temos líder.
Fizemos um bom jogo do minuto 2 ao minuto 76? Não sei. Dentro daquele contexto fizemos o que nos competia, que foi ir para a frente, tentar chegar à baliza, mas parece-me que foi um domínio mais consentido pelo adversário do que conquistado por nós, até porque nem tivemos assim tantas oportunidades de golo flagrante. Construímos muito jogo lateral, muito jogo para as linhas, num futebol, a espaços, agradável de ver, mas com pouca profundidade. A certa altura lembrei-me da seleção portuguesa dos anos 80, 90, daquele futebolzinho bonito mas inconsequente porque… não tínhamos ponta-de-lança. Exatamente como hoje. A ausência do homem de área foi determinante (ridícula aquela aposta inicial em Varela). Os centrais do City podiam ter levado uma mesinha para jogar umas cartas. Foi tudo muito pacífico naquela área, sendo esta monotonia apenas quebrada pelos cruzamentos-míssil de Hulk.
Acredito que, com Janko a prender dois centrais, aquele jogo tenha bons resultados a nível interno. É nesse sentido que vejo ali uma ponta de esperança para o que resta do nosso campeonato.