Bater no fundo

Na capital do império, local onde outrora até os sistemas de rega se ligavam espontaneamente para comemorar as nossas vitórias, já nem sequer somos o “ódio de estimação” dos benfiquistas.

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Aqueles gajos do Porto estão onde? Já nem os consigo ver…

Tem sido difícil a vida de blogger portista. E não é pela escassez de vitórias, é mais pela escassez de ideias… ideias para não estar sempre a “bater no ceguinho” e a lamentar aquilo que muita gente já viu, que muitos não querem acreditar mas que é evidente: o clube precisa de uma nova estirpe de líderes, de um rumo diferente, de abordagens realistas, de gente honesta. E de um treinador que não se limite a “falar bem”…

Pouco antes destes 4 empates sem golos, estive em Lisboa. E no átrio do edifício onde está o Starbucks, junto ao Rossio, estava uma banca de merchandising do SLB. Um dos meus amigos decidu então  aproveitar a oportunidade para comprar uma camisola do Benfica para o filho, que por motivos inexplicáveis aprecia aquela agremiação. E eu decidi que ia brincar um pouco com a situação, mantendo uma distância prudente para a dita banca e perguntando com ar preocupado se aquilo era contagioso.

A resposta da jovem vendedora do SLB foi muito simpática – disse que não, que eu me poderia aproximar sem correr riscos. O meu amigo perguntou então se a camisola Y do tamanho X estaria bem para o filho de Z anos. Ao que eu reagi, fingindo interesse nos produtos, pegando num cachecol vermelhusco e perguntando: “Isto queima bem? É que estava a pensar comprar também o isqueiro e vocês poderiam comercializar isto num pack para portistas…”

A mocinha sorriu, deu-me uns enganadores segundos para usufruir da piadola e atirou-me metaforicamente ao tapete dizendo: “Portista? Ainda bem, se fosse do Sporting é que era pior.”

Perceberam? Na capital do império, local onde outrora até os sistemas de rega se ligavam espontaneamente para comemorar as nossas vitórias, já nem sequer somos o “ódio de estimação” dos benfiquistas. Fomos substituídos nesse papel pelo Sbordem, o clube dos Viscondes que já não ganha nada de significativo desde  o início do século XXI. Isto diz muito sobre as expectativas dos nossos adversários e sobre a potencial ameaça que (não) constituimos.